Um 2025 Nebuloso
Perspectivas para Economia Brasileira
Pedro Fernandes
1/17/20252 min ler
O ano de 2025 se inicia com perspectivas nuviosas para a economia brasileira. O BTG Pactual[1] estima possibilidade de o risco fiscal conduzir a depreciação mais profunda, podendo levar o dólar a R$ 7,10 em 2025. A divisão de macroeconomia do UBS Wealth Management[2] vê Brasil como um “País que não tem regra fiscal” e “desaceleração econômica importante”. O Santander[3] vê risco de queda no ritmo de crescimento econômico brasileiro, e inflação batendo os 6% em 2025.
Diante de tal piora nas expectativas, como conciliar tamanha discrepância entre a economia real, que cresceu acima de 3% em 2024 surpreendendo o mercado, com as expectativas de queda no ritmo de crescimento coadunada com inflação, juros e dólar altos?
Quando se olha a evolução das expectativas do mercado para juros, inflação e câmbio percebe-se que houve um desalinhamento, ou como o mercado costuma mencionar uma desancoragem entre abril e maio de 2024. Este movimento está diretamente conectado a consolidação de uma percepção negativa sobre a condução da política fiscal por parte do governo.
Em termos simples, a visão predominante é que o governo não irá exibir responsabilidade fiscal, e uma vez que já estamos na segunda metade do mandato presidencial, há uma probabilidade não negligenciável que o governo não só não contenha os gastos, como possa acentuar o impulso fiscal via elevação de gastos, ou a partir de estímulos parafiscais. Além disso, há temor sobre a autonomia de facto do BACEN no contexto atual, onde toda a diretoria foi nomeada pelo atual governo.
Em suma, a economia brasileira está à beira de problemas por escolha política do governo. Um IPCA de 4,83 %, superando o limite superior da meta, de 4,5%, mesmo com Selic já contratada de 14,25%, e com expectativas para bater 6% este ano, é fruto da escolha deliberada do governo.
O crescimento dos juros, a desvalorização do Real frente ao dólar, o acentuamento do processo inflacionário, vão em conjunto, reduzir o consumo e o investimento, gerando por consequência retração no nível de atividade econômica, desacelerando o crescimento econômico.
Além disso, é importante observar que o cenário externo irá elevar os custos dessa escolha do governo federal. A desaceleração da economia chinesa de um lado, a redução da eficiência do comércio internacional, e a expectativa de aceleração da economia americana, em conjunto, contribuem para a piora do quadro negativo da economia brasileira.
De forma mais profunda, a inação do executivo em reagir a evolução negativa da economia alimenta um sentimento de desconfiança nos agentes econômicos. Aqui é importante observar que esses agentes não são apenas os grandes bancos e conglomerados empresariais. A crise do PIX demonstrou entre outras coisas a grande falta de confiança que a população brasileira, em todas suas faixas de renda, exibe em relação ao governo.
Sem confiança não se faz negócios, não se investe, não se compra, não se vende. Um governo sem confiança não tem força política para aprovar leis, ou reformas em prol da população. É importante lembrar, não é possível mais atribuir culpa a maldições do passado, uma mudança de rota na condução da economia é necessária, se não vir, o Brasil periga, novamente, e desnecessariamente, entrar numa aguda crise econômica.
[1] Risco fiscal acende alerta para dólar acima de R$ 7, diz BTG | Finanças | Valor Econômico
[2] Artigo Notícia - Broadcast - O mercado financeiro em tempo real
[3] Post | Feed | LinkedIn & Brasil caminha para recessão? Qualidade performa melhor neste caso, diz Santander Por Investing.com