A Política do Trump II, Seus Objetivos, e suas Consequências
Pedro Fernandes
3/12/20252 min ler
Antes de iniciar a análise sobre a política do Trump, quer seja a econômica, ou sua diplomacia, é importante compreender sob quais premissas elas estão fundamentadas. Ao que tudo indica na visão trumpista, o mundo é repleto de inimigos. Não há aliados, há somente inimigos, e aproveitadores, alguns são fortes outros são fracos.
Partindo dessa perspectiva isolacionista, a política econômica, especialmente a comercial, é centrada na condução de uma guerra comercial contra o mundo, com ênfase em seus mais antigos parceiros como o Canadá, México e União Europeia.
Na esfera de política diplomática, e atuação internacional, o apoio militar e estratégico a parceiros deu lugar a uma política mercantilista baseada na imposição de acordos comerciais que vilipendiam a soberania de um país vítima de agressão, como a Ucrânia. Além disso vem questionando a relevância da OTAN e seu suporte ao Japão.
Em síntese, a política do Trump é abrir mão do papel americano enquanto maior potência global, e focar apenas em seus problemas internos. Contudo não é possível esquecer que a pujança econômica americana deriva em parte de seu papel na ordem mundial vigente. As instituições internacionais como ONU, FMI, Banco Mundial e mais tarde OMC foram erguidas para difundir os valores, princípios, e regulações que favoreciam diretamente a preponderância econômica dos Estados Unidos no mundo.
A melhor representação dessa ordem é o uso do dólar, como moeda de curso internacional e reserva de valor. O que confere um poder econômico imenso aos Estados Unidos. Na prática, esta convenção implica que o mundo inteiro ao transacionar, subsidia a economia e o governo americano.
Se o processo de auto exílio americano persistir, qual a necessidade de continuar com o uso do dólar? Se não há mais garantias que Trump irá manter a “Pax Americana”, qual a relevância de seguir subsidiando um adversário político e econômico?
Diante desse contexto, não é de surpreender que a principal consequência da política de Trump é uma onda de incerteza que tem contaminado os mercados financeiros, e ameaça chegar na economia real americana. Índices de mercados como S&P, NASDAQ, Down Jones evidenciam uma queda abrupta, sinalizando uma queda generalizada no apetite por risco dos agentes.
No lado real da economia, o escritório do FED (Banco Central Americano) de Atlanta já prever queda na atividade econômica para o primeiro trimestre de 2025, a análise sinaliza que a principal força por traz da previsão de piora é a queda nas exportações líquidas derivada da guerra comercial iniciada pela Casa Branca.
Para a Economia Brasileira os impactos ainda são incertos. Se o quadro recessivo da economia americana se concretizar e persistir, pode facilitar a condução da política monetária aqui. Uma queda na taxa de juros americana elevaria a atratividade do mercado de capitais brasileiro, podendo encurtar o ciclo de arroxo monetário anunciado no último trimestre de 2024. Do lado comercial, uma recessão americana pode reduzir a demanda pelas commodities brasileiras como Soja, Milho e Petróleo, o que impactaria negativamente nossa economia. Neste sentido, se possível, esperar para ver se a incerteza diminui, é o melhor o caminho a seguir.